sábado, 18 de setembro de 2010

Do excesso de nervos.

Parece-me que, só dos nervos por causa de toda esta situação das bolsas de estudo/abono de família (que, para quem não sabe, eles querem saber TUDO, até que saldo existe na conta de cada elemento do agregado familiar e qual o valor comercial do automóvel da família), já devo ter perdido um quilinho, pelo menos. É que foi a semana inteira nisto. Para não falar das coisas belas que pela FFUL aconteceram.

Bem, pensando melhor, se calhar foram dois quilinhos.

Sinto-me cansada e frustrada. Acima de tudo, sinto-me quase que roubada. Como dizia a minha mãe há bocadinho, não sou pobre, sou uma classe média a dar para o pobre, mas ainda me conseguem lixar mais cada ano que passa.

Enerva-me ouvir sua excelência ministro do Ensino Superior dizer que quer que mais gente estude, e que as pessoas que agora estão a acabar cursos, sigam com os estudos em frente, porque tem que se investir em Portugal. O que se esquecem é que, primeiro, Portugal deveria investir em nós. E fornecer-nos aquilo que precisamos para sermos melhores alunos e para vivermos melhor. Se forem a perguntar a sua excelência (ou a qualquer excelência que faça parte do governo) se lhes custou/custa muito pagar o curso dos filhos, se calhar nem notam no bolso que estão a sustentá-los.
Têm resmas de dinheiro, ah o povinho que se lixe...
Nós queremos é acertar as contas públicas.

E, pois bem. Que fique bem explícito na minha candidatura a merdosa soma dos saldos das contas bancárias do meu agregado familiar. Têm também o IRS para ver o que se gasta. E sim, um carro de 1997 vale imeeeenso. Sim, é uma riqueza que ali está. Aliás, nós somos tão ricos que até fazemos viagens para fora do país, a qualquer altura do ano, compramos carros quando quisermos e nos bem apetecer...

Só uma pouca vergonha destas podia acontecer neste país. Cada vez mais me desilude. Cada vez mais me convenço que não há futuro aqui para ninguém.

E também: se se deslocarem à Segurança Social e às finanças, oh meus amores, têm acesso a tudo o que pedem... querem é ver se as pessoas mentem. Pois, eu acho que muita boa gente que estivesse a receber uma (e perdoem-me o francês) merdinha de bolsa, vai desistir. Eu estive 5 horas de volta daquele formulário e não acabei nada. E fiquei cheia de dúvidas.

Só digo: ainda bem que é o meu último ano.

Cada vez mais penso que, apesar do stress e cansaço que deve ser trabalhar numa farmácia/farmácia hospitalar/indústria, vou ser uma pessoa muita mais descansada e em paz comigo própria quando começar a minha vida profissional.

parafina falsificada

3 comentários:

teardrop disse...

Eu também fui bolseira e compreendo muito bem o que dizes! Começar a trabalhar foi para mim uma alegria imensa porque podia ter o meu dinheiro, ajudar quando era preciso! Vais ver que contigo vai acontecer o mesmo!

Pena que tenhamos que nos sacrificar tanto, mas acredita que depois vale a pena!

Poetic Girl disse...

Sabes por que isto acontece? Porque durante anos e anos houve quem usufruísse de bolsas sem precisar. Mas também sinceramente não sei se este tipo de acções vai conseguir evitar isso, bjs

parafina falsificada disse...

teardrop: Vai valer a pena, tenho a certeza =)

Poetic Girl: Sim, eu sei. E concordo contigo... se as pessoas se conseguiram escapar durante anos, também o conseguem fazer agora. Pessoalmente acho que quem tem umas poupanças (que têm esse nome por alguma razão) guardadas é que se vão lixar, mas pronto. Não é o meu caso. Veremos.